do arquivo da RTAMPonte de Lima ajunta cabedais para ser a mais castiça e a mais colorida de Portugal e faz gala disso - têm já a linda idade de 177 anos -, pois foram criadas pelo Rei D. Pedro IV por Provisão de 5 de Maio de 1826.
Durante muito tempo se chamaram Festas de Nossa Senhora das Dores e documentos há que as remontam ao ano de 1792. "Para dar maior solenidade às Festas das Dores" são criadas, então, as Feiras Novas, que no documento régio se estabeleciam nos dias 19, 20 e 21 de Setembro de cada ano.
Feiras Novas, porquê? Para as distinguirem das Feiras Velhas que essas são as mais antigas do Reino, já referenciadas no foral da Condessa D. Tareja, concedido a Ponte de Lima em 4 de Março de 1125 e que se realizam às segundas-feiras, de quinze em quinze dias. Os Limianos às segundas-feiras que não são "dia de feira" chamam-lhes de "solteiras".
Por acordo celebrado, há cerca de cinquenta anos, entre a Câmara Municipal e o Grémio Comercial de Ponte de Lima, as "Feiras Novas" passaram a realizar-se no terceiro fim de semana de Setembro (Sábado, Domingo e Segunda). Não mudou de local até aos dias de hoje e bom será que fique sempre no "areal". Fazia-se no largo do Souto que, ao tempo de D. Pedro I, e porque estava no caminho para o litoral, mereceu torre e porta com o mesmo nome. Conforme gravura da época podem ver-se dezenas de carvalhos e castanheiros, a demarcar o "souto" até ao rio. Ao meio, o chafariz que João Lopes - o Moço construiu e que, por deliberação da Câmara de 1929, transitou para largo de Camões. Ao lado, o Hospital de Peregrinos, pois Ponte de Lima foi e é Caminho de Santiago. Mais ao nascente, era a ponte e a torre de S. João, no lado de Ponte da Barca e que com a torre de Braga, fazia o eixo das mais importantes ligações tendo como já vimos o largo do Souto, a "feira" como o seu espaço nuclear. Centenas de anos passados, em tempo de "Feiras Novas" ou de "Feiras Velhas" é sempre uma "Santa Feira". Dia de feira, dia de "trocas", dia de mercado, mas dia "santo", dia de "feira". Por isso, as Feiras Novas são, também, Dia de Festa, Dia santo, Dia de Romaria mas, e acima de tudo, "Feiras Francas".
O Programa é a preceito: Mete Fados, Orquestras e Encontro de Tunas, Concurso Pecuário, corridas de garranos, Cortejo Etnográfico, Rusgas, Zés Pereiras e Gaiteiros, Concertinas e Festival Limiano de Folclore, Cortejo Histórico, Missa Solene e Procissão em Honra de Nossa Senhora das Dores. Junte-se-lhe as Feiras Francas, todos os dias pela manhã, a "feira das lavradeiras", das primícias da terra, dos usos e costumes, das tendas, do artesanato. A feira do "gado" a montante da ponte. Dos "garranos", na Alameda de S. João. E da parte de tarde a feira dos "namorados"! Não esqueça também a tradicional Feiras das Trocas, sobretudo dos apregoados Lenços de Amôr, entregues nos Arraiais da Agonia, do São João d´Arga e da Senhora da Peneda.
Afinal, todos nós temos o ensejo de um dia "trocar".
Se acrescentarmos a este programa de "Feiras Novas" os fogos de artifício (Fogo do Rio, Fogo da Ponte e Fogo entre Pontes) e, sobretudo, aquele dedo de conversa que nos faz abancar e beber do bom "vinho verde" nas tasquinhas, que são autênticas "universidades" na arte de bem receber os "forasteiros, seja nos paladares de uma cozinha que tem já foro de cidadania e em que o "sarrabulho" é rei, ou nas concertinas que noite fora nos trazem a alacridade e o bulício dos descantes, dir-vos-ei que "Feiras Novas" são, de facto, um chamariz a não perder em fim de Ciclo de Festas do Alto Minho, até para terminar bem aquilo que o povo apregoa logo nos serões de Janeiro:
"Quem nas romarias quiser andar pelo Santo Amaro tem de começar". Eu termino nas Feiras Novas!