quinta-feira, setembro 29, 2005

De volta às profundezas

Tenho esta necessidade de lá voltar,
De voltar a sentir e de me poder lembrar

É um sítio mais escuro e confortavelmente sombrio.
A água jorra da parede, sulfurosa, cantando em fio.

Aqui habita muita gente, gente que não se vê
Que se quer encontrar, que se quer perder

Da parca claridade se escondem os seus corpos brancos,
Do calor e do frio que não se sente, e da luxúria que alimenta a mente.
As vestes negras que confundem a neblina
Nos dorsos daquelas que aguardam em vigília,
os seus que não voltam, que já partiram, para detrás daquela colina.

A vetustez que se enxerga, no ódio que cega
pela escrita das mãos de quem não se verga,

Ao rio que rema contra a corrente,
que busca a sua margem,
pelo seu leito em torrente e só vê que lhe rompe pela frente.

Tenho esta necessidade de lá voltar
... Às profundezas...
Senti-las e delas me poder lembrar.

terça-feira, setembro 27, 2005

A queda do ocidente

Sabei vós que este planeta gira ao contrário. Que a rotação sobre o seu eixo supostamente não deveria ser neste sentido, que a terra deveria transladar em volta da Lua, alguém se enganou grandemente.
Não era suposto existirmos, ou existirmos da forma tal como a conhecemos hoje.

O sistema político está errado, o modelo social não funciona.

O socialismo sovietico mostrou-se inviável sobrevivendo à sombra de uma eficaz propaganda, caindo por fim aos pés de um socialismo dito democratico, capitalista.

Este último adoptado pelo ocidente, que sobreviveu anos a fio com a miséria de Africa e a exploração da Asia, entrou finalmente em colapso, em crise. A generalização deste, trouxe-nos, para já, um pouco do nosso remédio - Bem vindos à globalização!!!

Grandes mudanças estão neste momento a ocorrer, e tal como a história nos tem revelado - onde nem sempre aprendemos com ela - as civilizações vão e vêm. Com a partida de uma e o advento de outra, as roturas ou transições nem sempre são pacificas, sejam elas económicas, sociais ou políticas.

Não que se preveja a Guerra, não é isso que pretendo dizer. Mas por vezes para se dar um passo em frente é necessário dar dois para trás.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Nada muda o que já aconteceu



Por vezes vejo e sinto tudo nitidamente, um instante de clarividência.
Nesses momentos,...não mais de escassos segundos, minutos talvez... o meu entendimento ao que me rodeia é incontestavelmente evidente.
Apercebo-me da importância do pequeno pormenor, despercebido na altura da ocorrência mas de extrema importância para o role de acontecimentos, da sucessão de eventos, que surgiram desconcertados e nesse atilado momento de clarividência se encaixam perfeitamente.
Surgem-me respostas para as questões que ainda não foram feitas e para as quais não existe solução.
Nesses momentos, nesses poucos segundos que parecem eternos, entendo todo o cosmos.
O que se passa a seguir não é mais do que uma nuvem branca que ocupa todo o céu ao alcance da vista, a clarividência desapareceu, tive-a como um comboio a todo o trote que não para no apeadeiro onde espero.

E de repente sinto que me escapas pelos dedos, e por tudo o que diga, tudo o que faça ou que escreva não muda o que já aconteceu

quinta-feira, setembro 15, 2005

É bebedeira certa...





do arquivo da RTAM


Ponte de Lima ajunta cabedais para ser a mais castiça e a mais colorida de Portugal e faz gala disso - têm já a linda idade de 177 anos -, pois foram criadas pelo Rei D. Pedro IV por Provisão de 5 de Maio de 1826.
Durante muito tempo se chamaram Festas de Nossa Senhora das Dores e documentos há que as remontam ao ano de 1792. "Para dar maior solenidade às Festas das Dores" são criadas, então, as Feiras Novas, que no documento régio se estabeleciam nos dias 19, 20 e 21 de Setembro de cada ano.
Feiras Novas, porquê? Para as distinguirem das Feiras Velhas que essas são as mais antigas do Reino, já referenciadas no foral da Condessa D. Tareja, concedido a Ponte de Lima em 4 de Março de 1125 e que se realizam às segundas-feiras, de quinze em quinze dias. Os Limianos às segundas-feiras que não são "dia de feira" chamam-lhes de "solteiras".
Por acordo celebrado, há cerca de cinquenta anos, entre a Câmara Municipal e o Grémio Comercial de Ponte de Lima, as "Feiras Novas" passaram a realizar-se no terceiro fim de semana de Setembro (Sábado, Domingo e Segunda). Não mudou de local até aos dias de hoje e bom será que fique sempre no "areal". Fazia-se no largo do Souto que, ao tempo de D. Pedro I, e porque estava no caminho para o litoral, mereceu torre e porta com o mesmo nome. Conforme gravura da época podem ver-se dezenas de carvalhos e castanheiros, a demarcar o "souto" até ao rio. Ao meio, o chafariz que João Lopes - o Moço construiu e que, por deliberação da Câmara de 1929, transitou para largo de Camões. Ao lado, o Hospital de Peregrinos, pois Ponte de Lima foi e é Caminho de Santiago. Mais ao nascente, era a ponte e a torre de S. João, no lado de Ponte da Barca e que com a torre de Braga, fazia o eixo das mais importantes ligações tendo como já vimos o largo do Souto, a "feira" como o seu espaço nuclear. Centenas de anos passados, em tempo de "Feiras Novas" ou de "Feiras Velhas" é sempre uma "Santa Feira". Dia de feira, dia de "trocas", dia de mercado, mas dia "santo", dia de "feira". Por isso, as Feiras Novas são, também, Dia de Festa, Dia santo, Dia de Romaria mas, e acima de tudo, "Feiras Francas".
O Programa é a preceito: Mete Fados, Orquestras e Encontro de Tunas, Concurso Pecuário, corridas de garranos, Cortejo Etnográfico, Rusgas, Zés Pereiras e Gaiteiros, Concertinas e Festival Limiano de Folclore, Cortejo Histórico, Missa Solene e Procissão em Honra de Nossa Senhora das Dores. Junte-se-lhe as Feiras Francas, todos os dias pela manhã, a "feira das lavradeiras", das primícias da terra, dos usos e costumes, das tendas, do artesanato. A feira do "gado" a montante da ponte. Dos "garranos", na Alameda de S. João. E da parte de tarde a feira dos "namorados"! Não esqueça também a tradicional Feiras das Trocas, sobretudo dos apregoados Lenços de Amôr, entregues nos Arraiais da Agonia, do São João d´Arga e da Senhora da Peneda.
Afinal, todos nós temos o ensejo de um dia "trocar".
Se acrescentarmos a este programa de "Feiras Novas" os fogos de artifício (Fogo do Rio, Fogo da Ponte e Fogo entre Pontes) e, sobretudo, aquele dedo de conversa que nos faz abancar e beber do bom "vinho verde" nas tasquinhas, que são autênticas "universidades" na arte de bem receber os "forasteiros, seja nos paladares de uma cozinha que tem já foro de cidadania e em que o "sarrabulho" é rei, ou nas concertinas que noite fora nos trazem a alacridade e o bulício dos descantes, dir-vos-ei que "Feiras Novas" são, de facto, um chamariz a não perder em fim de Ciclo de Festas do Alto Minho, até para terminar bem aquilo que o povo apregoa logo nos serões de Janeiro:
"Quem nas romarias quiser andar pelo Santo Amaro tem de começar". Eu termino nas Feiras Novas!

terça-feira, setembro 13, 2005

DRUIDAS


O Viajante pausa e reflecte, olha para trás e tenta compreender os seus erros. O tempo deteve-se e a sua existência tal como a conhece suspendeu-se.

Os seus antepassados que vivem para lá “daquela” montanha sabem que viveu em vão.

À muito se olvidou de quem é, o que é. O pássaro negro conhece-o e sabe, mas há muito que já não falam.

O lobo esconde-se ao senti-lo passar, enquanto outrora caminharam juntos, ele próprio tinha sido lobo também.

As plantas, essas já não são a mesmas, o ar que respira é diferente, a água que bebe já não apresenta a cristalinidade de outros tempos.

As reuniões “naquele” bosque já não são feitas. Primeiro, porque um deixou de vir, depois o segundo também não compareceu e por fim já não havia ninguém. As poções foram esquecidas, os ingredientes também e os instrumentos para a sua confecção já ninguém os fabrica.

As mães agora desafortunadas... com os seus filhos decrépitos nos braços, oram a Deus, a Ala, esperam a iluminação de Shiva, a protecção de Buda, e olhando o céu, aguardam a salvação,... mas a salvação não chega... e finalmente a Fé já não é bem vinda aqui.

Ele está de passagem, outros como ele também virão, e por aqui passarão...
Ele conhece os seus erros, não compreende é porque viveu a sua vida em vão.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Setembro

O que me trazes doce Setembro? O castanho das folhas no horizonte! A brisa do Norte! O Vinho da Vinha! Ombros vestidos, coxas cobertas! Os pingos de chuva, que das nuvens cairão!

Trazes-me o fim do Verão!

Acaba sempre tudo, com o fim do Verão.

quarta-feira, setembro 07, 2005

"Thelema" by Aleister Crowley

The sovereignty of the individual will: "Do what thou wilt shall be the whole of the Law" is, as it were, the system's first commandment.

Crowley's idea of will, however, is not simply the individual's desires or wishes, but also incorporates a sense of the person's destiny or greater purpose: what he termed the "Magick Will." Much of the initiatory system of Thelema is focused on discovering one's true will, true purpose, or higher self. Much else is devoted to an Eastern-inspired dissolution of the individual ego, as a means to that end.

The second commandment of Thelema is "Love is the law, love under will"
and Crowley's meaning of "Love" is as complex as that of "Will". It is frequently sexual: Crowley's system, like elements of the Golden Dawn before him, sees the dichotomy and tension between the male and female as fundamental to existence, and sexual "magick" and metaphor form a significant part of Thelemic ritual.

This unprecedented Law demands the utmost discipline. It suggests that we all have a purpose, a Will; and that we have a responsibility to follow that Will, live in harmony with the rest of the Universe, and be who we truly are.

sexta-feira, setembro 02, 2005

A selva

Acho que não falo para ninguém em particular, ao escrever estas e outras palavras, provavelmente apenas se destinam a mim, eu a desenvolver reflexões para mim mesmo!? No mínimo soa a algo egocêntrico, bem não necessariamente...

Elas são me dirigidas, as palavras, porque as reflexões são para quem as quiser apreender, elas são de facto para mim para o outro eu, aquele que me acompanha nos sonhos, que se esconde quando tem medo, que fere quando sente ódio, e abraça quando sente querença.
Quem as escreve não sente nada, ou pelo contrário tudo sente, mas quando tudo é levado ao extremo, resta apenas o nada.

O que me interessa a mim os corruptos, que se instalam na nossa sociedade e dela parasitam, parasitas estes chegando alguns a atingir os 81 anos e dela continuam parasitando- Nada;

O que me interessa, a mim, as florestas que ardem, o povo que acha bonito e os dementes que dos incêndios lucram - Nada;

O que me interessa, a mim, a mediocridade dos que a esta Nação (outrora valente e imortal) pertencem, que se julgam muito mas no fundo são Nada, e com nada para ela contribuem - Nada;

O que me interessa, a mim, que os media conduzam a sociedade a seu belo prazer ditando o que somos, o que não somos, o que não fizemos, o que não fazemos, como poderiamos ser, como não deveriamos ser... enfim Nada.

O que ontem era, hoje deixou de ser... Julgo finalmente entender, não é defeito é feitio, a natureza é assim mesmo e a isto se chama Sobrevivência.