sábado, outubro 14, 2006

A casa em ruínas


Penso que nunca deixei de acreditar. É a magia, o desejo alquimista de poder ser, de querer, de nunca deixar de querer.

De vez em quando lembro-me do passado, do cheiro da terra orvalhada naquele lugar e de como eternamente se crava o que vai na alma. Lembro-me do conforto mastigado pelo sol, que é noite luada vista de dentro de um poço por debaixo da água que nos sacia.

Lembro-me da crueldade dos Homens e das suas almas cravadas de passados, da sua loucura que vêm do pensar, e como que abandonados ao relento junto ao muro de uma casa qualquer.

Tenho comigo sede de mais, insaciável lembro-me do muro da casa abandonada em ruínas e de quem lá dentro mora.

É a incompreensível hierarquia das coisas que paralisa o querer, como quem chega a nenhum lugar para procurar paz e se encontrar e descobrir que tem de retornar para de onde veio. Carregando a mesma espada. Para a sua casa.